sexta-feira, 6 de abril de 2012

Tela de Antonio Tamburro

eu sei
foi sem querer
que te agradei
por ser assim

uma mulher

cheia de incertezas
movida a lua
e guias protetores
anarquista com valores

uma mulher

que senta na praça
escreve poesia
não resiste
come o lanche
antes da hora
e lambe os dedos
no final

uma mulher

que caminha pela rua
se aquece ao sol
borda os momentos
em colcha de retalhos
depois dobra
com cuidado
com respeito
e guarda no baú
das recordações

uma mulher

agitada em tempestade de idéias
aflita quando ferida
armadura sempre à mão
atenta as ciladas
se esgueirando pelo chão

uma mulher

que pisa macio
tem o riso solto
fala tranquila
carrega virtudes nos bolsos
senta numa pedra
olha o horizonte
e espera

uma mulher bagunçada

revirada
se inventa a cada dia
usa salto quando triste
pinta a boca de vermelho
se perdida

uma mulher

que chora debaixo
do chuveiro
lava o corpo
lava a alma
deixa escorrer
toda amargura pelo ralo
enxuga com a toalha
que consola

uma mulher

perplexa diante do mundo
conta histórias
se identifica com outras
lutadoras
oferece a mão
o colo
e sabe ser inteira

uma mulher

que procura seu espaço
tem nervos de aço
arrepia com a doçura
se emociona com a vida
e se entrega com paixão

uma mulher

que vira bicho
protege a cria
abraça o mundo
alcança vôos mais profundos
encanta com seu balanço
seu riso
e aguarda sinais
para viver em paz

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