domingo, 30 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
A corda e a caçamba
era um café com bobagens
desses encontros de matar saudades
falar de viagens
relembrar velhos tempos
fazendo planos rindo à toa
emoção de sair na noite
armando ciladas nas esquinas
fingindo encontrar nosso príncipe por acaso
enrubescendo de vergonha
se nos olhavam longamente
caminhadas pela avenida
músicas embalando nossos sonhos
um misto de medo e coragem
descoberta da sexualidade
cochichos com portas fechadas
toda a pressa de ser feliz
eu meio hippie
você mais vaidosa
a vida nos fez tomar outros rumos
mas ainda te levo comigo amiga
sempre
Véu
tal qual um retrato
encontrei na viagem
uma mulher sagrada
de véu e mistério
símbolo de recato
trazendo em si
marcas e revelações
o colo um remanso
no olhar leve brisa
que aquieta o instante
feito carícia
ateu que sou
desejei profanar
seu corpo santuário
libertando minha alma prisioneira
tatuando o ápice na pele
até me esvaziar
por completo
por isso delirando te peço
em sacrifício
te entrega
pra mim
Rajapur
Baseado no lindo filme indiano Return To Rajapur...Uma história de um homem que carrega a amada dentro do coração...
De turbante e camelo
seguia pelo deserto
deixando um rastro de flores
na terra dos espíritos perdidos...
- o amor verdadeiro
acontece só uma vez
na vida -
repetia seu mantra pessoal
apertando uma pedra talismã
que usava como japamala
e a tempestade de areia se aproximava
açoitando as lembranças
enterrando tudo pela frente
era o destino
para ser livre
é preciso caminhar
com coragem
sempre
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Maturidade
procuro a sutileza
um olhar mais profundo
esses detalhes escondidos
que só conhece
quem se entregou ao mundo
cansei dessa prosa amorosa
troca de experiência
ser o que não é
fazer caras e bocas
bares e romance
homem/mulher
toda essa conversa
meio encenação
entedia e se repete
sempre falta emoção
no espelho do banheiro
quase acredito ser boa atriz
mas não consigo
agora percebo
tudo mais simples e sereno
prefiro o anonimato
a este teatro
e assim
me basto
O poeta é um ser solitário no silêncio percorre suas próprias entranhas descobrindo, extraindo as imagens plasmadas do seu espírito que já conhece os caminhos
da sua tela mental. Uma voz sem som, coisa transcendental.
Mesclando suas vivências e passagens por este planeta, percorre seu inconsciênte e toma posse da grandeza do conhecimento a que é destinado.
E se desdobra para mundos inimagináveis numa viagem de muitas idas e voltas, em plena sintonia com o universo perde o domínio de sí próprio.
Não analisa,não articula. Apenas poeteia.
Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.
Martha Medeiros
SEM COMPARAÇÕES
A intimidade pessoal de um ser humano,demarca uma área privada que exige tolerância e respeito. É um espaço físico, emocional e intelectual que só pertence a ela/ele. Nem tudo precisa ser revelado.
Todo mundo tem o direito de cultivar um jardim secreto.
Também cultivo meu jardim secreto, meu habitat ecológico interno e politicamente correto.Neste habitat Tenho o direito de ter minha intimidade preservada e deixar minhas gavetas emocionais fechadas para serem abertas apenas nas horas que decido abrir, com o intuito de arrumá-las ou não.Quando me envolvo com alguém, seja este alguém, faço questão de deixar bem claro que sou multifacetada. Sou a soma de várias mulheres, a equação perfeita do universo. No vasto universo de Marias, Claras, Angelas, Danielas Marlenes, Margaridas Rosas e Amélias eu sou a MADALENA COSTA. Portanto, Não me compare a nada, nem a ninguém. Pois sou mais do que você precisa, sou a realização do seu desejo. Logo, não se assuste. Se ajeite comigo e dê graças a Deus.
By Madalena Costa
PS. Fiz este texto em homenagem as fortes mulheres de atitudes.Resignifico também que " Uma mulher de atitude não vive apenas como uma boneca bela, tampouco como uma vazia cinderela"
Mulher é muito mais que uma gaveta cheia de histórias delicadas, de lágrimas imaculadas. Muito mais que um bicho protector, ameaçador e extremamente sensível. Mulher é um céu cheio de sinais, entrelinhas, noites em claro e dúvidas. Chora demais, beija demais, fala demais, ama demais. Nunca se dói de menos. Não por exagero, mas por contentamento mesmo. Eu, por exemplo, vou escrevendo demais para caber aqui dentro, só assim garanto o todo (que nunca é o resto). Mulher é uma força recém – nascida de uma intuição. Eu sou. E não me deixo por nada.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Inspirada por Nei Duclós e Mario Pirata, fiz essa poesia-brincadeira com o nome de várias poetas que amo... ( Florbela Espanca, Alice Ruíz, Bruna Lombardi, Marina Colasanti, Adélia Prado, Fernanda Young, Gilka Machado, Cecília Meireles, Cora Coralina, Martha Medeiros, Lya Luft, Flora Figueiredo, Maria Esther Maciel,Maria Teresa Horta, Elisa Lucinda, Bárbara Heliodora, Hilda Hist, Lygia Fagundes Teles, Nélida Piñon e Fernanda Mello). É claro, ainda ficou faltando muitas...
nesta ciranda de letras
é só alma feminina
aqui Florbela não espanca Alice adora raíz
aprendi ser sensual com Bruna
séria com Marina que cola ali e cola aqui
inveja da sabedoria de Adélia
e tatuagens da Fernanda
quando Gilka largou o machado
Cecília se olhou no espelho
todas se renderam ao encanto da doce Cora
que corre linda em meio as flores no céu
Martha vestida de prenda
logo chamou por Lya
que se distraia com os sonhos de Flora
Maria Teresa veio de Lisboa
querendo mexer na horta
sendo observada por Maria Esther
por cima do muro comendo frutas
Elisa já iniciou um Sarau
e Bárbara adorou dar conselhos
já a senhora Hilda veio com seus presságios
Lygia chegou corajosa mas preferiu ficar só olhando
Nélida deu sua opinão "só envelhece quem vive"
no final, todas se encantaram com a mais nova
das poetas
a princesa da rua, Fernanda que gosta de mel...
Apenas Eu...
Com dois lindos filhos criados, agora chegou a minha vez... Meu compromisso é comigo mesmo, fazer o que gosto, amar do meu jeito, respeitar a vida, as pessoas e encontrar meu caminho sem pressa...Ser inteira sempre!Na alegria e na dor...
Carpe diem
Vivendo agora
tudo
antes que Ele resolva
encerrar meu papel
nessa estranha peça
tragicomédia
chamada
Vida
Bracelete I
olhando o presente envolto ao teu braço
foi irresistível desejo fetiche
algemar tua vida ao meu bem querer
minha doce prisioneira
por puro prazer
Bracelete II
o destino foi padrasto
mudou o rumo da história
estilhaçou a confiança
delito flagrante de traição
selado o acordo
( desfeita união )
escolheu recomeçar
poucas roupas na mala
o perfume predileto
diário secreto
com registros do desamor
que décadas rondava
as mulheres da família -
essa saga de vítima e algoz
sina de quem se entrega
numa busca doentia
de um amor quase perfeito
tirou a aliança do dedo
restou a herança banhada
em lágrimas de sua avó
sem medo e com deleite
rumo ao desconhecido
levou apenas o bracelete
Cantos Gregorianos
dedilhava com maestria
as cordas do violão
num sussurro
distante
em meus ouvidos
durmo nas dunas
sonho um enigma
com notas musicais
acordo salivando
no teu peito
e me aquieto
no aconchego
desse abraço
longe da vida prosaica
nada lamento
tudo esqueço
sem armadura
te ofereço a alma
meu ventre vazio
cantos gregorianos
incenso e oração
O Livro
o olho
não engana
entrega
o que sinto
disfarço
lendo um livro
onde letras
embaralham
a visão
dentro do vestido
o corpo
arrepia
de emoção
Pintura de Barbara Jaskiewicz
( Polônia 2009 )
Pecado
quando nasceu nem berço tinha
dormia dentro de uma velha mala
criada em colégio de freiras
achava a palavra pecado forte
com a cor tão vermelha que assustava
vivia no mundo de fantasias
e era feliz naquele faz de conta
mas o tal pecado
ainda metia medo
tímida conheceu a paixão
que apareceu do nada
cheia de mistério
desarrumando tudo
revelando seu corpo
desnudando sua alma
revirando seus valores
nunca sentiu antes
tamanha emoção vulcão
e numa contramão qualquer
o ofendido pecado
injuriado
se perdeu
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Caminhos
sempre
quero pouco
o muito que me basta
levo dentro
na mala
lembranças
nobres sentimentos
na vida
apenas pessoas
novos caminhos
domingo, 9 de outubro de 2011
Sapato Vermelho
o mundo é dentro do palco
do outro lado da cortina
vira/desvira personagem
a menina angelical
ou malvada sensual
que toda história atrapalha
e usa a língua como navalha
aqui fora vai a luta
morena cheia de manha
olhar de malícia
voz lenta de preguiça
e toda a coragem
de procurar/ocupar espaço
enfrentando a vida
sobre um salto alto
confunde real e fantasia
tropeça/cai/levanta
se perde em fuga
dos olhares vorazes
que sempre
a perseguem
por onde anda
teu poder
apenas pisa macio
num simples
sapato vermelho
sábado, 8 de outubro de 2011
Tango
tirei a máscara
arranquei minhas asas
dentro do teu mundo
sou apenas anjo invisível
de olhar recatado
andando pelas ruas
em silêncio
decisão carregada
de audácia/ coragem/ sedução
invento um novo cio
boca e unha vermelha
te procuro insana
assusto a noite
com uivos para a lua
de repente
assumo poderes
tenho fome do teu corpo
sede da tua boca
transformo essa santa
em mim
numa devassa
te encontro
numa esquina qualquer
meu olhar pecado
promete tango
refeito do espanto
nessa dança colada
olho no olho
acabamos
cúmplices
do mesmo desejo
e finalmente
um beijo
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Jardim
estou num banco do jardim
onde invento um mundo
de flores, risos e amores
tudo em volta cheira à primavera
e dentro desse paraíso particular
evito pensar em dores
mas fica impossível
quando ouço o barulho do trânsito
que segue louco lá fora
nessa rotina desorganizada
tudo se enrola-enrosca-envolve
em fios soltos de ansiedade
e paranóia
um desastre moderno
que atropela a simplicidade do cotidiano
e transforma os adoradores do sol
em seres bizarros
estou num banco do jardim
me protegendo dessa cruel realidade
sábado, 1 de outubro de 2011
Em Paz
senti a dor da tua lágrima
nosso mudo entendimento
no meio da confusão
conheço teu sofrimento
sempre silencioso
onde a mente se esvazia
e no túnel a luz é fraca
mas te guio pela mão
um duelo solitário
onde o tempo é o pior inimigo
vai corajoso nessa luta invisível
de elmo, espada e escudo
segue tua caminhada
para o esquecimento
nesse buraco sem fundo
e no final da batalha
apenas descansa
tua cabeça no meu colo
em paz
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