quinta-feira, 26 de abril de 2012

Santa Anarquia

convido a fera
que mora dentro de mim
para tomar chá com biscoitos

a danada joga areia
nos meus projetos de vida
destrói os castelos
pisoteia e esparrama
impede sonhos

sua meta
é me transformar nela
ser ela

descubro em agonia
que ela sou eu
desconfiada
assustada
pequena
ferida

quero o controle dessa criatura
vira desumana quando aflita
carrega uma ironia perigosa
impaciente
indomável
ansiosa

ah essa outra é ardilosa
desliza feito cobra
se esconde atrás das portas
entra nas gavetas
usa como disfarce
máscaras coloridas
(e consegue)

quando desperta
(é de repente)
ninguém sente

vira mulher poderosa
incendiando o que vê pela frente

ou criança perdida
que faz birra e chora

maldita insuportável
só dá pena

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