terça-feira, 31 de janeiro de 2012

apenas saber
que deseja
minhas entranhas
alimenta meu cio

contigo vivo
em constante
estado de êxtase

até em sonho
cometo loucuras

perco a vergonha
tenho calafrios
tremores

provoco ciúmes
imploro que
rasgue minha lingerie

nessa mulher indecente
não reconheço a comportada
aquela senhora recatada

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Latente

tantas desventuras
em série

ao sentir
teu beijo ardente
esqueço tudo

a lucidez
fica insuportável

sábado, 28 de janeiro de 2012

vivo lutando
para ser adulta
mas algo afeta
essa menina
que me habita

a voz infantil
cheia de expectativa
ora rindo sem parar
outras chorando em protesto
esparramada em emoções

evito prestar atenção
nada tem a ver
com minha organização

me deixa insegura
essa pequena
cada vez que acordo
com vontade de viver
sua vida
assumir um papel
no meu cotidiano

essa criança me sacode
brinca de esconde-esconde
abre todas as portas e janelas
ainda espera por algo diferente
bate o pé se descabela
nada a satisfaz
nem acalma

essa sardenta com asas
re-inventa artes
tem espirito livre
quem pode aprisionar?
quem sabe
poderia te salvar
uma terapia qualquer
algum tratamento alternativo
um comprimido tarja preta

quem sabe escrever um diário
ter animal de estimação
conversar com amigos
talvez uma nova paixão
um contato mais humano
um pedido de socorro

quem sabe assim
você não pensaria
na loucura
de cortar os pulsos
e partir

quem sabe

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

me aquece o desejo
entre as coxas
amavelmente
como boa anfitriã
te convido a entrar
dentro de mim

Gabriel e Ariel




ninguém percebe
se eles temem a escuridão
bruxas e fantasmas

quem se importa
se sentem frio
ou fome

dois anjos negros
caminham perdidos
pela cidade
fazendo de conta
que são felizes
tua voz me chegou pelo celular
somos pessoas reais
ou personagens que criamos
desconhecidas almas que se tocam
mesmo à distancia
dois estranhos com vidas diferentes
com o oceano entre nós
e a delícia de viver
encontros diários na tela do computador

em paz e sem roteiro
com o céu tatuado no corpo
andava descalça por ruas
buscando sinais
alguma resposta no vento
pensando numa viagem
como consolo

você fica impaciente
conta histórias de antigas paixões
e cada decepção me comove
testo teu caráter
imagino teus defeitos
procuro pistas
e me alimento de fantasias
enquanto pinto as unhas do pé

acabei descobrindo
nunca quis ser a outra metade
de alguém
lamento
como poeta
não penso
sou escancarada
a boca arde
estremeço na espera

te imagino um lobo
me caçando como ovelha
me arrebatando de vez
arrancando gemidos
aquecendo meu medo
temperando minha vida
com pimenta
molho picante
e eu deixando que tuas mãos
me procurem por baixo do vestido
numa lenta tortura

quem sabe um dia
me deitarei na tua cama
sentirei teu hálito
tua língua no meu corpo
até que me perca
em teu braços
e me acabe
em puro mel
que escorre devagar
num roçar de peles
que diz tudo
sem palavras

domingo, 22 de janeiro de 2012

poderia
te lamber
te morder
te comer
sem coragem
apenas
te espio
te espero
te abrigo
e o desejo
adormece
rabisque
meu corpo
com leves
toques
de pincel

recupera
minhas
cores

assina
teu nome
no final

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

vigia as palavras
essa energia vital
que tudo transforma
por onde ecoa
palavras descuidadas
indelicadas
intolerantes
irrefletidas
ásperas palavras
que tem o poder de ferir

agradeça o dom da voz
das cordas vocais
da língua
com atitude calma
serena educação

no reino do silêncio
domina tua voz

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

nas folhas soltas
espalhadas pelo chão
peço desculpas
pela minha força
porque o vejo
como mais fraco

olho-o nos olhos
elogio seu progresso
enceno fragilidade

não quero assustar
esse homem

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

por dentro somos outros
onde sem pudor
habita a fera
uns apetites vorazes
desejos mais secretos
caverna de lutas internas
paixão escondida
taras/fetiches
dores mais sentidas
mágoas nos ameaçam
provocando a cada instante
fugas impossíveis

por dentro a voz
ecoa longe
o grito é profundo
cometas explodem
correm soltos
latejam na pele
bagunça tudo
ninguém nos aprisiona
nem nos alcança no vôo
não existem limites

por dentro descobrimos
um animal faminto
nessa floresta interna
aflição medonha
com presságios
brigas diárias
cobranças/conquistas
um poder de arrastar
o medo para longe
soltando os bichos
no mundo

de dentro
vem a magia
as cores d'alma
todo mistério
da história de
cada um

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Pintura de Paul Kelley...

menopausa chega
transforma o corpo
calorão da cabeça aos pés
muda a alma
corta libido
faz perder a calma

os seios sem firmeza
diferente daqueles
que foram acariciados
beijados com prazer
sugados por seus bêbes

ventre que abrigou vidas
ardeu no sol
serviu de consolo
e colo
agora vazio
em solidão

cabelo cacheado
se mistura
a fios brancos
ainda salvos
com tinta escura

pernas antes lisas
torneadas e bronzeadas
com pequenos vasos
de irritantes varizes

nádegas bem empinada
minúscula marca branca
que seduzia no verão
hoje sofre com celulite
em qualquer estação

rosto perfeito
pele de pêssego
um creme pode ser
a salvação
contra rugas de
expressão

sob a luz do luar
ainda carrega
o riso daquela menina
no brilho e jeito
de olhar

Inspirado na poesia do Mário Pirata...

gritando no poema
me visto de ironia
ultrapasso limites

levo no olho
caule exposto
fruta ferida

entre paredes
me descubro
sou apenas
casca

sábado, 14 de janeiro de 2012

Nossos olhos se procuram
entre goles
que deslizam macio
pela garganta
na taça do inebriante
Cabernet

absorvo teu aroma
gota à gota te sorvo
entre beijos
com hálito de uva
inquieto desejo
que devagar
penetra meus poros

é carícia tua voz
no meu ouvido
teu gemido
deixa os pelos eriçados

meu amor te espia
na nudez sob o lençól
seduzida pelo cheiro
de perfumes misturados
nossos odores
e suores

te deslumbro
eu sei
fazendo do meu corpo
tua moradia

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Para Mário Pirata...


pedido feito
à luz de vela
queima devagar
sob o altar vermelho
da paixão

vem
d'alma
tem poder
é sagrado

na solidão
esse desejo
vira oração

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

chega de relembrar
o passado
agora penso no dia-a-dia
entoando uma Ode à Paz
ao espantar
velhos fantasmas

os sonhos desbotados
sem forças para lutar
morreram afogados
dentro do oceano
diante dos nossos olhos
egoístas perplexos

cada criatura na terra
tem um Anjo que a protege
os heróis se perderam
teimosos ( como eu )
insistem em viver

quando tudo acaba
bebo água da fonte
com as mãos em concha
e quase desejo
ter o que foi ruim
de volta
para reviver
os bons momentos

satisfeita
percebo
que dentro
da tua mente
fui quase
perfeita

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Eles
ficariam
juntos
por um
tempo

até que
sua memória
permita

transformando
seu rosto
num estranho
sem lembranças

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pintura de Paul Roberts

relembro distraída
a voz amorosa
da avó
a delicadeza da mãe
nos gestos
nas palavras otimistas
coragem da neta
desvendando os
mistérios da vida

raízes
de almas femininas
atravessando gerações

essa saga continua
na minha história
com o mesmo sangue
que corria dentro delas

origens vindas do fundo
entranha exposta
formando vidas
dentro do útero
mulheres que choram
se enternecem
sabem o sentido
da entrega

mistério se revelando
como caixa de Pandora
deixada como herança
que sempre bagunça tudo
ativa o caos
mas transborda de esperança
enche de valentia
não deixa pensar pequeno
supera amores mal acabados
e essa fonte de força inesgotável
(respira poesia em tempo integral)
nos torna dignas
no final

domingo, 8 de janeiro de 2012

com medo de fraquejar
uma parte de mim
se preocupa
outra nem se importa
olho a fotografia
encontro um rosto
perdido no passado
andando de bicicleta
sem as mãos
e ainda sinto
a grama ao vento
o cheiro da alegria

hoje sou
uma mulher sozinha
esplendidamente só

sábado, 7 de janeiro de 2012

contigo entro no jogo
com pura emoção
não me interessam as respostas
somente tuas propostas

contigo posso acordar
desse sono profundo
que me tirou do mundo
seja meu Maestro
com dedos ágeis
nessa Sinfonia do toque
massageando minhas costas
descobrindo onde prendo fogo
me levando até as nuvens
escalando as encostas
invadindo meu espaço
mais íntimo e sagrado

contigo dentro de mim
vou até o fim
virada do avesso
levada a loucura
segura em teus braços
banhada em suor
vibrando em cada pedaço
da pele
roçando pelos
gemendo em apelos
até despencar lambuzada
de uma grande altura
nesse abismo do prazer
e morrer enlaçada
em teu corpo

contigo
(eu juro)
meu perfume
tem o cheiro
do Cio

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Teu Anjo

Te amparei
apesar da distância
numa ânsia
de te proteger
da solidão

esperas o inverno passar
contando os dias
em frente a lareira
te aquece o vinho tinto
e a doce lembrança
da nudez dela
em tua cama
agora vazia

acaricias as teclas
olhando a tela do computador
esperando nervoso
uma mensagem que chegue
além do oceano
um sinal de vida
um email da paixão

ela apenas partiu
por uma longa rua
depois de uma breve
e calorosa despedida
levando junto
uma parte tua

eu
teu Anjo
com minha poesia
te consolo
e oro
que esse Ateu
tenha vida nova
e em breve
um novo amor

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


 
inventei boas lembranças
vivia feliz nesse mundo
do faz-de-conta
Alice no País das Maravilhas
e nosso porta-retrato
era a imagem da alegria

você cuidando de mim
lendo histórias de fadas e gigantes
levava na escola
auxiliava nas lições
comparecia às reuniões tão chatas

teríamos pequenas diversões
saborear sorvete de chocolate
algodão doce/maça do amor
andar de roda gigante
trem fantasma
e todos os medos fugiriam de mim
porque meu herói
me protegeria dos perigos da vida
até o fim

acordei
(triste realidade)
não gosto de parques
me cuido sozinha
e parei de fingir
tenho
secreto desejo
de ser tudo
em tua vida

sou
alvo
perfeito
dessa seta
envenenada
(de Cupido
atrevido)
que carregas
escondido
dentro
do paletó

quero
apenas
teu sorriso
enquanto
te realizo
em completa
nudez

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

em meio a fantasias
mergulhada em inventos
me permito viver
através de uma
simples intuição

percorro novos caminhos
e até cometo deslizes
que ninguém imaginaria

me oriento bem
dentro de labirintos
(com artimanhas de uma ladra)
escondida nos subsolos
dentro dos túneis mais escuros

como disfarce pinto o rosto
meio palhaço de circo
nessa farsa me transformo
(de acuada feito bicho)
em íntima amiga do erro
cúmplice da imperfeição

acredito em presságios
curas milagrosas
vidas passadas
pressentimentos
vivenciar cada momento
sem medo
longe de toda pressa

agora eu afirmo
se te olhar e me arrepiar
já sinto ser coisa do destino
daí pode apostar
- não vai prestar
Quando você olhou
e me tocou
de um jeito
educado
eu entendi

e não resisti

domingo, 1 de janeiro de 2012

Vulcão

debaixo da saia
carrego um vulcão
(que pode entrar
em erupção)
e perder o juízo
quando acende a paixão

e minha consciência
me abandona
na primeira esquina
largada
de pé no chão
atrás de pistas
queimando como fogo
farejando rastro

faz enlouquecer
abrir a blusa
não dá sossego
até sentir na pele
o corpo dele
para poder
no final
em seus braços
- adormecer