chegaste por acaso
murmurando delicadezas
só respira
perto do ouvido
e mais nada
assim levo a força
e magia das palavras
que ainda não escutei
o sabor imaginário
da tua boca
perto da minha
compartilha teu segredo
esse mistério que espero
um dia em sonhos
desvendar
(apenas repito)
só respira
perto do ouvido
e mais nada
domingo, 24 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
Sr Raimundo_Mendigo_Morador de Rua
na tarde nublada
de inverno
pessoas apressadas
procurando aconchego
no calor do lar
na calçada fria
ninguém repara
nele que ali fica
envolto em trapos
masturbando a miséria
em companhia
do cheiro insuportável
roupas imundas
barba embaraçada
olhar perdido
distante
quem sabe
o motivo?
quem imagina
o que ele pensa?
quem leva
uma esperança?
- sem tempo
ninguém repara
de inverno
pessoas apressadas
procurando aconchego
no calor do lar
na calçada fria
ninguém repara
nele que ali fica
envolto em trapos
masturbando a miséria
em companhia
do cheiro insuportável
roupas imundas
barba embaraçada
olhar perdido
distante
quem sabe
o motivo?
quem imagina
o que ele pensa?
quem leva
uma esperança?
- sem tempo
ninguém repara
quinta-feira, 21 de junho de 2012
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Estou doando
meu filho, sim,
senhor juiz.
Porque a vida
nunca foi fácil.
A rua não é lugar
pra criança,
tem fome,violência.
Gente ruim e boa também,
que como eu,
só vive da caridade
de alguém
( sempre sobras e migalhas)!
Não sou vadia,não.
senhor juiz,
apenas nasci errada.
Sem condições de estudar,
trabalhando desde cedo.
Nunca tive brinquedo.
Carinho de mãe.
Beijo de pai.
Meu pai, não conheço, não!
Minha mãe fazia a vida
na calçada.
Eu apenas esperava...
Não quero isso
pra meu filho, não!
Eu peço sim,
que o senhor
arrume pai e mãe
pro meu guri!
E casa bonita.
Cama quentinha.
Comida farta na mesa.
E, por favor,
dá estudo pra ele,
doutor!
Sonho com isso,
diploma na mão,
igual ao senhor.
Não sou safada, não!
Emprego não consegui.
Sou apenas uma mãe
preocupada
com bem-estar
do meu menino.
Vim aqui
só pra pedir,
senhor juiz,
ajeita a vida
do meu filho,
pra eu poder ter paz.
Nem chorar
não consigo mais!
As lágrimas secaram doutor!
Mas, agora,
com toda emoção
que ainda resta
aqui dentro,
eu entrego
e peço
cuida bem
do meu guri!
meu filho, sim,
senhor juiz.
Porque a vida
nunca foi fácil.
A rua não é lugar
pra criança,
tem fome,violência.
Gente ruim e boa também,
que como eu,
só vive da caridade
de alguém
( sempre sobras e migalhas)!
Não sou vadia,não.
senhor juiz,
apenas nasci errada.
Sem condições de estudar,
trabalhando desde cedo.
Nunca tive brinquedo.
Carinho de mãe.
Beijo de pai.
Meu pai, não conheço, não!
Minha mãe fazia a vida
na calçada.
Eu apenas esperava...
Não quero isso
pra meu filho, não!
Eu peço sim,
que o senhor
arrume pai e mãe
pro meu guri!
E casa bonita.
Cama quentinha.
Comida farta na mesa.
E, por favor,
dá estudo pra ele,
doutor!
Sonho com isso,
diploma na mão,
igual ao senhor.
Não sou safada, não!
Emprego não consegui.
Sou apenas uma mãe
preocupada
com bem-estar
do meu menino.
Vim aqui
só pra pedir,
senhor juiz,
ajeita a vida
do meu filho,
pra eu poder ter paz.
Nem chorar
não consigo mais!
As lágrimas secaram doutor!
Mas, agora,
com toda emoção
que ainda resta
aqui dentro,
eu entrego
e peço
cuida bem
do meu guri!
era ancião
com peso da vida
nas costas
ouvindo no rádio
que vai nevar
caminhava
a passos lentos
no pátio da casa
aproveitando
o calor do sol
tinha insônia
horas que passam devagar
tudo era mais lento
no relógio da sala
tique taque
que saudades
o inverno chegou
a manta
que ganhou do filho
cobria seus ombros
encurvados
frágeis
ao longe
um cão late
não sabia o que ouvir
um tango de gardel
ou samba de noel
na foto da estante
o sorriso da mulher
que temperou sua vida
com prazeres
da carne
e literatura
- um sorriso constante
novamente
não lembrava
onde guardou os óculos
(talvez esquecido
em alguma gaveta vazia)
o relógio
continua a andar
tique taque
sem parar
sente algumas dores
no corpo
e na alma
não é a solidão
que incomoda
nem o tique taque
do relógio da sala
eram as lembranças
(feito fantasmas)
no silêncio
assombrando
Tela de Júlia Aumller
meio cigano solitário
com cicatrizes no peito
e alguns defeitos
memorizava momentos
em tintas coloridas
telas inacabadas
lembranças
de velhos amores
histórias,cheiros e sabores
o tempo passa rápido
viagens, desenhos, rabiscos
África, Espanha, Paris
olhava pela janela do quarto
cerejeiras em flor
o céu azul
queria ela na sua cama
dormir de conchinha
descansar o espírito maduro
sem perder tempo
ela nua
ah, o tempo
glicínias púrpuras
céu azul
muito azul
Camille
Camille
aprendiz esquecida
de Rodin
Tela de Sandrine Pelissier
vinda do barro
ao depósito de mármore
escolheu
a grega pirâmide Paros
onde um talhe mal dado
seria fatal
(esculpiu
um pé perfeito)
tinha audácia
modelava com coração
criando formas
onde o corpo humano
se move
palpita
vibra
(só na sombra
se vêem os perfis)
entregou-se
a genialidade do Mestre
com enfurecida inspiração
transformando
a pedra branca
em gente
o cheiro puro do Pitacci
ferramentas
nas mãos delicadas
foi fonte de inspiração
e paixão
criando formas
fortes
ternas
no gesso pesado
grudento
o gênio assusta
sua obra inquietante
a menina
as faladeiras
dorme nua
acreditando
que ele está ao seu lado
mas quando acorda
não é verdade
eram apenas dois fantasmas
num terreno baldio
atormentada no medo
achando-se perseguida
foi enterrada viva
só
sublime
na sua arte
eterna
Pintura de Alfredo Volpi - A menina triste -
matou
a mente
inocente
usando
poder
abusou
da criança
marcando
o corpo
(a alma)
criou
raízes
a dor
profunda
(sem cura)
ela chora
se culpa
se cala
receia
respirar
não entende
(mas sente)
que ele
vai
voltar
e assustar
onde o anjo
que protege?
dorme
menina
esquece
a mente
inocente
usando
poder
abusou
da criança
marcando
o corpo
(a alma)
criou
raízes
a dor
profunda
(sem cura)
ela chora
se culpa
se cala
receia
respirar
não entende
(mas sente)
que ele
vai
voltar
e assustar
onde o anjo
que protege?
dorme
menina
esquece
ela disse sim
olhar perdido
entre as hortênsias
buscando a lua
nas ruínas
tinha visões
pequenas catástrofes
não sei
(por desespero
ou misticismo)
mania de tentar
descobrir o destino
nas estrelas
entrelinhas da magia
calendário dos maias
fórmulas secretas
ciclos lunares
anos solares
astrologia
alquimia
ela disse sim
acredito
olhar perdido
entre as hortênsias
buscando a lua
nas ruínas
tinha visões
pequenas catástrofes
não sei
(por desespero
ou misticismo)
mania de tentar
descobrir o destino
nas estrelas
entrelinhas da magia
calendário dos maias
fórmulas secretas
ciclos lunares
anos solares
astrologia
alquimia
ela disse sim
acredito
vernissage
no quadro exposto
meu sentir tímido
caminha
no chão molhado
em imagem
surrealista
nós no peito
galhos secos
me cercam
mãos que tecem
a rede
que prende
te liberto
da corrente
mas não desato
serei ninho
ou
armadilha?
sem endereço
largado
na calçada
provoca
compaixão
instiga
dá medo
revira
emoção
veste sujeira
se aquece
no aguardente
na porta
da igreja
não entra
não reza
ouve sinos
espera
um nada
que sente
Oração
meu único senhor
que estais longe de mim
santificado seja
teu corpo que me aquece
sinto tanto frio
ciúme ardente
e sagrado
é meu querer
bendito seja teus beijos
que aliviam meus desejos
é escuro aqui
sem tua presença
e ficar distante
já é castigo
tens o poder
do milagre
da minha cura
eu rogo por ti
em silêncio
me ajoelho
aos teus pés
te entrego
minha alma
meu corpo
agora e sempre
e te peço
vem
amém
não me peça
que eu tire a roupa
agora
quero saber
poder conhecer
esquecer do corpo
visitar a alma
me enfeitar
com flores
ser feliz comigo
te pedir
que pare de olhar
para o próprio umbigo
não me fale de amores
da boca para fora
presta atenção
me sorve devagar
sem pressa
mostra o que sente
fala o que pensa
esquece tudo
apenas seja
mas não me peça
que eu tire a roupa
agora
Imagem "Amarrada" de Haleh Bryan
perdeu a razão
arriscou tudo
enlouquecida
agora sóbriade bolsa lilás
tomou sua vida
de volta
aliás
até gostava
mas ele agarra
com força
demais
arriscou tudo
enlouquecida
agora sóbriade bolsa lilás
tomou sua vida
de volta
aliás
até gostava
mas ele agarra
com força
demais
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