terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pintura de Paul Kelley

Alguns fazem apenas confissões
bebendo uísque
com o olhar perdido
na fumaça do cigarro
só querem conversar
ela escuta com atenção

outros pedem em êxtase
que faça um strip-tease
à meia luz
ela sobe e desce
no pole dance
enroscada no poste
mordendo os lábios
provocando delírios

sabe ser desejada
diferente daquela mulher
que ele deixou em casa
uma cansada senhora de família
que espera seu homem
já entediada

era um sexy remédio
que vai salvar
esse casamento doente
quase acabado
em grave estado terminal

no espelho
aquela boca encarnada
uma profissional de espartilho
cabelos negros encaracolados
calcinha de renda preta
meias de seda
salto de cristal

agrada cada cliente
com massagens
óleos perfumados
relaxando na banheira
ou debaixo do chuveiro
com direito a elogios
regados de gemidos

faz um rápido aquecimento
antes de cada encenação
repassava o texto sempre
queria perfeição
fantasiava ser uma atriz
não era uma mulher barata
tinha o cérebro cheio
de valioso conteúdo
proibido para menores

quando termina o espetáculo
volta a ser uma mulher normal
igual as outras da sua idade
depois do banho veste o pijama
nem liga mais para vaidade
toma um calmante
sonha com uma vida diferente
ser um dia
uma mulher decente

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