quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ele me olhava daquele jeito suave de menino e dizia: - "é no andar da carruagem que as melancias se acomodam". Seria essa a melhor citação para me consolar dessa tristeza imensa, dessa inconformidade com uma sucessão de fatos catastróficos que vivo, desde que te perdi no verão? Farei um inventário de perdas.
O que significa essa vida? Queria aprender rituais de sobrevivência. Ser abençoada por algum sacerdote poderoso.Uma pílula milagrosa que cura feridas d'alma.
Parecia fácil no início, onde o sonho foi esculpido pelos cantos das ruínas.
Não era grave. Era apenas um veneno suportável. Algo tóxico respirado no ar, durante o trabalho, diziam...
Quem consegue superar tal dor? Quem saberia me dizer qual a parte mais dolorosa da história? E para quem? O esmagamento da memória dói! Dói esquecer? Só ele pode responder. Porque foram as lembranças que se perderam durante os anos,desde 2005 ou antes mesmo! Ninguém sabe responder.
O pensamento embaralhou-se na cabeça,feito novelo de lã, tudo se perdeu.
E, desde então, estamos aqui, parados no meio dessa ponte, que se interrompeu sem aviso, nos deixando perdidos,sem ar.Olhando para trás, assustados e se perguntando inconformados, sobre as causas do que aconteceu.E onde os deuses que nos protegem?
A linha é tão fina, tão delicada dentro do cérebro. Somos tão pequenos...
E meu Anjo de asas invisíveis está sumindo bem devagar.Me deixando sozinha no meio dessa bagunça toda chamada Vida, pedindo socorro - sem resposta - porque está perdendo a sensação de ser alguém. É lento e doloroso perder tudo, o poder de falar,decidir, reconhecer, lembrar, escrever... Não poder mais ser amigo, ser homem, ser pai, ser amante, ser inteiro!
Que distância imensa entre nós agora...Que impotência e vazio face a essa imensa perda de memória. Agora apenas nosso olhar se entende nessa hora. Nosso olhar silencioso que apenas chora...

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