sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Inspirado no filme Memórias de Uma Gueixa



Chiyo tinha olhos como a chuva
água que lava a terra e apaga o fogo
- está um dia muito bonito para ficar triste -
com essa frase conheceu a gentileza e bondade
em forma de homem
ganhou um sorvete moedas
um sorriso que era um presente
- se tropeçar siga em frente -
deixou de ser uma menina
que olha para o vazio
quis ser uma gueixa
e entrar no mundo dele

uma gueixa não pode amar
era um mundo de mulheres
inveja/disputa/maldade
o sofrimento e a beleza
vivem lado a lado
vendendo habilidades
artista do mundo imaginário
julgada como uma obra de arte

ela se preparou
fez um homem parar
com um simples olhar
aprendeu a servir chá
mostrando o pulso
uma pequena parte da pele nua
esbarrando sua perna na dele
sem querer
de olhos baixos e voz suave
sempre com recato

agora não era mais uma criada
não precisava mais se ajoelhar
era a desejada gueixa Sayuri
quase uma lenda
quando fizer chá
quando servir saquê
quando dançar ou tocar
será apenas por ele
até ser achada por ele
até ser dele

fez uma promessa secreta
trancaria a foto dele
junto com o coração
e esperaria
dançaria com graça e leques
debaixo da neve fina
e esperaria
passearia entre as cerejeiras
sob uma leve chuva de flores
e esperaria
no mundo de regras
e todas as estações do ano
amava e tinha esperança
com paciência esperaria

-se uma árvore perdeu as folhas
e seus galhos secam
pode ser ainda chamada de árvore?-
o coração morre lentamente
como folhas caindo de outono
uma gueixa é uma sombra
ela é um segredo
só pode ser metade de uma esposa

agora ele seria seu protetor
e aquela menina
teve seu desejo realizado
 

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