domingo, 30 de outubro de 2011

Bravo!



nesse cenário retrô
com cortinas/sofá/abajour
escolhi a personagem
como no teatro
e fiz a maquiagem

em cena
cantei meu lamento
caprichando na emoção

mesmo tendo ensaiado
meu texto muda
conforme a lua

com participação especial
de velhos fantasmas
e personagens coadjuvantes
(aquelas mulheres
que fazem teu instante)

em movimentos imperceptíveis
vou tentando manter a linha
dessa protagonista heroína
no rosto uma máscara
impecável de indiferença
(eu tão boa atriz que
até tomei vinho sem tremer)

num gesto com a mão
apontei para a porta onde
estavam tuas malas

(em meu universo poético
não tem mais lugar
para tua vulgar pantomina)

você se arrependeu/chorou/sofreu
na sua última e ótima interpretação

com dignidade e frieza
fechei a porta
após tua saída
agradecendo os aplausos/gritos
dessa imaginária casa lotada

chorei
sozinha no camarim
olhando tua foto
sorrindo pra mim

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