sábado, 31 de dezembro de 2011
Pintura "Leveza do Ser" de José Santos Aguilar
Deseja estar
cercado de amor
enquanto a vela
arde suave
arte em cor
que duela com emoções
cálida mão criadora
em tons que se harmonizam
longe do caos
solto em tela vazia
olha tua face
alma minha
és um bálsamo
colorido
que desnuda
toda pureza
na leveza do Ser
Poesia baseada no filme O Clã das Adagas Voadoras
Mei
flor primorosa
era uma espadachim
de rara beleza
que carregava junto ao peito
o segredo das adagas voadoras
uma cortesã cega
que cantava/dançava
num jogo de pedras e ecos
ele vento despreocupado
e brincalhão
vagava pela vida sozinho
indo e vindo
sem deixar rastros
sua mão direita
habilidosa com facão
a esquerda poderosa
com arco e flecha
pernas fortes
que dominavam a arte de voar
ela sentia
que poderia ler aquele homem
como um livro
ao encostar a cabeça
em seu peito
ouvindo as batidas
firmes do seu coração
ele o Mestre Vento
estaria em qualquer lugar
e a levaria
onde as verdadeiras flores crescem
em campo aberto
amaram-se entre os bambus
mas o destino
os fez descobrir
que pertenciam a lados opostos
e num próximo encontro
um teria que deixar
de existir
ela amorosamente
escolheu ser livre
como o vento
e ofereceu sua vida
para ele poder
vagar corajoso
entre os bambus
e campos floridos
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Pintura de Paul Kelley
Alguns fazem apenas confissões
bebendo uísque
com o olhar perdido
na fumaça do cigarro
só querem conversar
ela escuta com atenção
outros pedem em êxtase
que faça um strip-tease
à meia luz
ela sobe e desce
no pole dance
enroscada no poste
mordendo os lábios
provocando delírios
sabe ser desejada
diferente daquela mulher
que ele deixou em casa
uma cansada senhora de família
que espera seu homem
já entediada
era um sexy remédio
que vai salvar
esse casamento doente
quase acabado
em grave estado terminal
no espelho
aquela boca encarnada
uma profissional de espartilho
cabelos negros encaracolados
calcinha de renda preta
meias de seda
salto de cristal
agrada cada cliente
com massagens
óleos perfumados
relaxando na banheira
ou debaixo do chuveiro
com direito a elogios
regados de gemidos
faz um rápido aquecimento
antes de cada encenação
repassava o texto sempre
queria perfeição
fantasiava ser uma atriz
não era uma mulher barata
tinha o cérebro cheio
de valioso conteúdo
proibido para menores
quando termina o espetáculo
volta a ser uma mulher normal
igual as outras da sua idade
depois do banho veste o pijama
nem liga mais para vaidade
toma um calmante
sonha com uma vida diferente
ser um dia
uma mulher decente
Histórias às Avessas
esse Príncipe já veio com defeito
Pinóquio que mente descarado
trapaceia no estilo Capitão Gancho
engana seduz como um poético Don Juan
leva às nuvens como Aladim
em seu tapete mágico
e ainda rouba seu coração
essa Princesa
não é Gata Borralheira
muito menos a Bela Adormecida
( não dorme no ponto )
Branca de Neve tatuada
amiga íntima da Bruxa
trancou a Amélia no armário
subiu no salto
caçou o Lobo Mau
( e toda noite uiva para a lua
algemado em sua cama
enquanto ela fica nua )
domingo, 25 de dezembro de 2011
Ao tomar vinho
fico corajosa
perco a vergonha
mudo de idéia
esqueço compromissos
o sino muda o tom
foi ironia
te encontrar agora
vive secretamente
em constante duelo
com a paixão
um ateu numa aldeia
com agradável cheiro
de flor e mar
ficamos cúmplices
(sonhando ser jovens para sempre)
com excesso de informações
palavras querendo fugir
sem olhar para trás
- a vida se diverte
com nossa história
sou uma
a cada mudança da lua
tenho estranhos pensamentos
sonhos de poeta
esse dom de inventar milagres
coisas ao contrário
quero uma pausa
o medo lateja
envenena
olhas sem poder me ver
sente meu cheiro de longe
vago feito fantasma
por essas ruelas de pedra
sinto saudades de
momentos que não vivi
estradas que não percorri
recebo notícias
só tuas
e num rápido delírio
imagino ser esta mulher
que procuras
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Borderline
entre cordões e fitas
aparece radiante
como ingênua pin-up
de pele branca
boca vermelha
e malícia
procurando ser/querer
na instabilidade das emoções
vagando meio confusa
em seu desorganizado mundo
raiva frequente
sob bela máscara
roendo unhas
se auto-mutilando
numa incompreendida
ansiedade
efêmero encanto
que logo se torna vazio
leva ao tédio
com ciúme doentio
desvalorizando
seu visual vintage
- logo agora ficou mal
e tudo piora
com uma herpes labial
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Minhas palavras
são teclas de um computador
que me acompanham
no dia-a-dia.
Cortei a gentileza absurda,
mentiras risonhas,
pessoas que me assustam.
Preciso de espaço
mudar os cabelos,
tatuar a pele,
olhar no espelho
sem mágoas.
Não posso me abandonar
com medo estampado no rosto.
A esta altura da vida,
acumular tristeza,
nem pensar!
Confessar cada defeito,
miopia, celulite, alguma estria.
Rugas de expressão
adquiridas pelos anos,
momentos preciosos
misturados a dramas!
Fui minha própria curandeira:
- ler poesia de 4 em 4 horas
como medicação,
escrever de 12 em 12 horas,
calmante poderoso
anti-suicídio!
Escolho a cor do batom
dependendo do humor,
um vestido
que não deixe com calor.
Perfume atrás da orelha,
entre os seios e nos pulsos,
como aprendi desde menina.
Não esqueço os óculos escuros,
minha proteção do mundo,
onde posso tudo olhar
sem ser notada!
Tenho dias de ser tola
e carente,
passo as tardes a delirar.
Quando penso que não vou aguentar,
me deito e sofro em silêncio.
Choro baixinho
não quero atrapalhar o vizinho!
Entre lágrimas,
oro e repito:
- eu me amo!
a cada instante!
Até que o dia amanheça,
choro bastante
e já me sinto inteira
novamente.
Sina de guerreira!
Levanto com o Sol,
movida por essa Luz,
de alma lavada!
Não precisa ter pena,
a menina já foi consolada!
É hora de brincar,
viver de peito aberto,
relaxar, deixar se levar
pela maré da Vida.
Cercada de amigos,
livros, filhos,
cachorro, Amor,
Poesia, música,
fica difícil
permanecer
a Dor.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
quero a palavra
toda arte
em letra e rimas
respirar aliviada
parar o medo
evitar o tédio
contar segredos
favor mais manha
ira suada
sem dramas
longe do caos
perder o fôlego
repor o sono
menos razão
muita emoção
nada sacia
arder no sol
surfar nas ondas
do destino
boiar em calmaria
jogar toda tristeza
no mar
curar feridas
afagar cicatrizes
andar devagar
cutucar o sonho
orar com fé
entoar mantras
buscar a Paz
rir à toa
cantar em coro
olhar a lua
sentir saudades
falar verdades
viver em melodia
à meia-luz
misturar poesia
em bar e alegria
comemorar a Vida
brindar o simples
ato de Ser
domingo, 18 de dezembro de 2011
Sete véus atados ao corpo
que voam no giro da dança
me ensina a te esperar
enquanto me habita a criança
com rosas rubras de fogo
amor e paixão
eu te espio aflita
no meio da escuridão
nossas vidas tecendo o tempo
dois destinos que se cruzam
são apenas bons momentos
notas de uma canção
nessa longa espera
vou colorindo a emoção
sigo meu caminho só
numa triste conclusão
tudo passa
e se transforma
em ilusão
sábado, 17 de dezembro de 2011
Maktub
O amor chegou
nossa alma se tocou
parecia já escrito
no livro do destino
essa parceria
- triste ironia
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Viúva Negra
eu sei
esperei demais
excesso de romantismo
a tal da cumplicidade
rir em companhia
roçar de peles
dividir suor
intimidade
nas lembranças
que se perderam
junto com a inocência
pensei haver sufocado
todo sonho e esperança
numa espécie de funeral
desajeitado sentimento
de viúva enclausurada
acendi velas em ritual
rogando aos céus
de joelhos num lamento
que fechasse meu corpo
dessa paixão que alucina
malfazejo que dói
quebrando a harmonia
dentro de mim
mas fica sem eco
tudo o que peço
e toda intenção se torna vazia
quando por baixo do meu véu negro
minha boca carmesim
encontra a tua
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Ata-me ao pé da tua cama
numa cabana perto do mar
me apresenta o encanto
vida sossegada leve brisa
sou uma mulher insatisfeita
numa barca sem rumo
procurando bons lugares
e gostosas gargalhadas
a cada onda que quebra
peço que venha o amor
(aquele pra sempre)
tomando conta do corpo
entrando na mente
em seguida
vem o arrependimento
faço novo pedido depressa
antes que seja tarde
- ser livre de amarras
liberta dessas algas
que me prendem
que se enroscam na pele
me impedindo de mergulhar
dentro do mundo
vou assumir quem sou
rindo dos problemas
sobreviver às mudanças
não ter que me explicar
a todo instante
implicar com o menos importante
vou deixar portas e janelas abertas
escrever poesias nas paredes
dar ouvidos ao meu querer
já fui mais complicada
até descobrir o tesouro
- simples encanto de viver
faz tempo sequei minhas lágrimas
rezando por dias melhores
me despedindo da melancolia
abandonei uma agenda
lotada de compromissos
que me impediam de ser
eu mesma
vomitei toda a mágoa
e consegui dormir
longe do caos
em Paz
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Quais são teus planos
após me trocar por outra?
Um futuro incerto talvez,
onde tua felicidade mundana
insiste num caso de instante.
Ela não te conhece como eu,
nem vai saber organizar tua vida,
tuas gavetas, meias, camisetas.
Perfumar tua cama tão sagrada,
esticar o lençól do jeito que gosta.
Agora vai deitar em outra
cama qualquer,
em companhia de uma qualquer!
Esqueceu nosso amor,
a promessa de ficarmos juntos
até que a morte nos separe.
Conta conjunta.
Vida plena em conjunto.
Quem vai escolher teu perfume,
dar o nó na gravata,
te deixar impecável?
Preparar teu prato predileto,
servir teu vinho, tua sobremesa?
Vai suportar viver longe do calor
da nossa lareira?
Longe dessa nossa rotina diária,
aquecido nos meus braços,
massageado no corpo e no Ego.
Distante da cumplicidade
dos meus beijos,
meus desejos.
Tua mala eu mesma fiz,
e com classe,
para lembrar de mim quando abrir,
até no último momento.
Sentada na sala bem decorada
apenas aguardo tua chegada.
Me encara agora,
me olha e responde:
- como se atreve a trocar
uma mulher tão perfeita como eu,
por uma Vadia?
(Só não engasgue
ao responder
que o amor apenas morreu...)
A máscara é retirada.
Não venço nem perco.
Me liberto da perfeição!
(Foto de Elene Usdin)
Quais são teus planos
após me trocar por outra?
Um futuro incerto talvez,
onde tua felicidade mundana
insiste num caso de instante.
Ela não te conhece como eu,
nem vai saber organizar tua vida,
tuas gavetas, meias, camisetas.
Perfumar tua cama tão sagrada,
esticar o lençól do jeito que gosta.
Agora vai deitar em outra
cama qualquer,
em companhia de uma qualquer!
Esqueceu nosso amor,
a promessa de ficarmos juntos
até que a morte nos separe.
Conta conjunta.
Vida plena em conjunto.
Quem vai escolher teu perfume,
dar o nó na gravata,
te deixar impecável?
Preparar teu prato predileto,
servir teu vinho, tua sobremesa?
Vai suportar viver longe do calor
da nossa lareira?
Longe dessa nossa rotina diária,
aquecido nos meus braços,
massageado no corpo e no Ego.
Distante da cumplicidade
dos meus beijos,
meus desejos.
Tua mala eu mesma fiz,
e com classe,
para lembrar de mim quando abrir,
até no último momento.
Sentada na sala bem decorada
apenas aguardo tua chegada.
Me encara agora,
me olha e responde:
- como se atreve a trocar
uma mulher tão perfeita como eu,
por uma Vadia?
(Só não engasgue
ao responder
que o amor apenas morreu...)
A máscara é retirada.
Não venço nem perco.
Me liberto da perfeição!
(Foto de Elene Usdin)






















